5.2.12

A Reflectir



Quantos exemplos que se observam e não são aconselhados temeridades. As pessoas têm as suas proles e, apesar da benesse, não levam vidas descansadas. Pelo contrário, estão invariavelmente mergulhados numa angústia e numa ansiedade de contornos particularmente patológicos. 
Percebe-se o porquê. Há 100 ou 200 anos, a vida dependia do berço, da posição social e da fortuna familiar. Hoje, não. A criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe, jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis, e um exército de professores, explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.
Esta é a ideologia criminosa que se instalou definitivamente nas sociedades modernas: a vida não é para ser vivida, mas construída com sucessos pessoais e profissionais, uns atrás dos outros, em progressão geométrica para o infinito.
É preciso o emprego de sonho, a casa de sonho, o maridinho de sonho, os amigos de sonho, as férias de sonho, os restaurantes de sonho...
Não admira que, até 2020, um terço da população mundial esteja a mamar forte no Prozac. É a velha história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais queremos. Quanto mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma insatisfação insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de humanidade. O que não deixa de ser uma lástima.
Se as pessoas voltassem a ler os clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam que o fim último da vida não é a excelência, mas sim a felicidade! 

Lumena Oliveira

6 comentários:

Graça Pereira disse...

Que bom teres voltado e...em grande!
Para reflectir e muito! Conheço famílias assim... porque apostam nos outros que têm e não naquilo que "são". Os valores que conduzem à felicidade, perderam-se! Hoje, conta o nº de zeros das contas e outras coisas afins!!
Beijocas.
Graça

Bradonne Coffer disse...

A manipulação da sociedade começa no berço. Somos resultados da escolha, inicialmente, de nossos pais, e depois de nossas próprias escolhas. Essas escolhas podem ser as certas ou as erradas, mas como saber quais escolher se não nos foram apresentadas sem máscaras?! Nossos mentes aprenderam a nos enganar porque elas foram enganadas primeiro.
A excelência da vida consiste em sermos felizes quando somos nós mesmos, quando fazemos o que bem entendemos, o que bem queremos. Sem hipocrisia, sem preconceitos com nós mesmos.

Bela reflexão.

Lumena Oliveira disse...

Olá Graça Pereira :))

É verdade e muito mais agora vemos isso acontecer, mas nem tudo está perdido as famílias podem encontrar esse estado de ser.

Grata querida, já estava com muitas saudades, mas devido a problemas pessoais estive este tempo muito ausente dos blogues. Voltei à casa, à nossa casa, esta bela irmandade que me chamou por pensamento. Gosto muito de aqui permanecer quando assim posso. Estou bem! :)

Lumena Oliveira

Lumena Oliveira disse...

Olá Bradonne Coffer,

Deparei-me com três comentários iguais, mais ou menos iguais. Este diz praticamente tudo :)
Exactamente a manipulação da sociedade começa mesmo no berço, se nos incutirem máscaras até mais tarde e não soubermos desenvencilharmos delas, nos tornamos cidadãos interdependentes, seja da família, seja da sociedade em si. É sempre importante saber tirar as máscaras, e isso se adquire com saber, com directrizes que nos levam a caminhar na direcção certa, apesar de não ser fácil, mas é possível encontrar.
Encontrar o nosso Eu, encontrar a essência da existência, a felicidade como um dom primário que nos faz sermos nós mesmos.

Grata, pelo comentário. Gostei!

Lumena Oliveira

Rafael Castellar das Neves disse...

E que assim realmente seja, estamos precisando...

Muito bom!!

[]s

Lumena Oliveira disse...

Olá Rafael!

A felicidade é tudo para que se possa caminhar para a luz.

Grata, bem vindo!

Lumena Oliveira